O aneurisma cerebral constitui dilatação em artéria intracraniana que traz consigo risco de ruptura e hemorragia. Trata-se de lesão adquirida usualmente associada ao tabagismo, hipertensão arterial e predisposição genética, dentre outros fatores de risco cardiovasculares. Costuma ser único, representando caso esporádico, mas podem também ser múltiplos em paciente com doença renal policística, distúrbios do colágeno, vasculopatia grave ou acometendo famílias com perfil genético suscetível.
Trauma e infecção também podem estar relacionados ao seu surgimento, em menor escala. Além da hemorragia, pode ocasionar sintomas decorrentes da compressão direta de estruturas neurais adjacentes e eventos isquêmicos pela liberação de coágulos formados dentro da lesão, sobretudo quando grandes e gigantes. Entretanto, são em sua maioria assintomáticos, sendo apenas descobertos após a ruptura, trazendo consigo morbidade e mortalidade elevados neste cenário.
A popularização dos métodos de imagem não invasivos, incluindo tomografia e ressonância magnética, tem facilitado a identificação do aneurisma cerebral, sobretudo antes de romper, permitindo tratamento adequado para prevenir a hemorragia cerebral. O risco de ruptura de um dado aneurisma é variável, diretamente proporcional ao seu tamanho e também relacionado ao formato, localização, etiologia e comorbidades associadas, dentre outros fatores. Lesões saculares usualmente decorrem de defeito focal na parede arterial, em oposição a segmento arterial enfermo que pode resultar em dilatação alongada, dita fusiforme, cujas diferenças impactam na história natural e sobretudo na estratégia terapêutica.
Estudo angiográfico por cateterismo com subtração digital e reconstrução 3D pode contribuir para detalhamento anatômico e avaliação da circulação colateral em casos selecionados, contribuindo para a escolha do melhor tratamento.
Aneurismas incidentais, pequenos, de formato regular, sobretudo em paciente idoso e/ou portador de comorbidade que incremente o risco terapêutico podem ser manejados de forma conservadora mediante controle adequado dos fatores de risco vasculares e seguimento imaginológico seriado. Já aos aneurismas não rotos maiores e irregulares, sobretudo em paciente sintomático de baixo risco anestésico e acessíveis ao manejo cirúrgico, se recomenda tratamento, seja por neurocirurgia microvascular ou endovascular.
A eleição entre estas técnicas deve ser individualizada às características de cada paciente e idealmente resultado de consenso multidisciplinar, podendo ser complementares em algumas situações e ofertando ótimos resultados quando bem indicadas e executadas adequadamente. Lesões rotas implicam tratamento precoce objetivando prevenção do ressangramento, estando morbidade e evolução nestes casos diretamente relacionados à gravidade da hemorragia inicial
O aneurisma dificilmente apresenta sintomas, mesmo assim, é indicado procurar um médico caso a pessoa apresente um ou mais dos seguintes sintomas:
- Dor de cabeça súbita acentuada (“pior dor de cabeça de sua vida”);
- Perda ou alteração no nível de consciência súbita;
- Rigidez no pescoço;
- Súbita presença de visão dupla ou borrada;
- Súbita dor acima ou atrás dos olhos ou dificuldade para enxergar;
- Súbita dificuldade para andar ou tontura;
- Súbita fraqueza e alteração de sensibilidade;
- Sensibilidade à luz (fotofobia);
- Convulsões ou
- Queda da pálpebra.